No entendimento do espiritismo, quem somos hoje e quem seremos no amanhã é uma construção de vidas passadas. Isso mesmo, não só de uma, mas de muitas outras. E assim como uma pessoa, o projeto “Espíritos no Cárcere” chega em seu segundo ano, com um trabalho passado, presente e futuro feito a várias mãos. Hoje, o ensino espírita no Complexo Penitenciário Público-Privado (CPPP) de Ribeirão das Neves tornou-se parte das vidas dos presos, voluntários e equipes da Assistência Social, além de agregar aos programas de remição por leitura.

Idealizado ainda no período pandêmico, a assistência religiosa espírita cumpria seu papel de oferta de conexão com a espiritualidade do indivíduo, assim como é descrito pela Lei de Execução Penal (LEP), sendo um grupo de estudo que apresentava aos presos os ensinamentos do evangelho de Jesus. “A gente vê muito nos ambientes carcerários, todas as denominações cristãs, menos o espiritismo. E eu tinha isso na cabeça de que precisava fazer um projeto assim em penitenciárias”, recorda-se Everson Ramos de quando recebeu o convite para ser realizador desse projeto.

Hoje esse é um projeto que vai além da prática religiosa. Com a oportunidade de fazer parte das iniciativas de remição por leitura, o “Espíritos no Cárcere” passou a ser também projeto de estudo da doutrina. Com espaço à leitura, os presos passaram a estar mais conectados com debates, questionamentos e novos aprendizados.  O projeto se norteia para conectar três pilares: o preso, a família e Jesus. A partir disso, segue-se uma estrutura temática, que ensina desde o mais básico sobre o espiritismo e o aprofunda com sugestões de leitura. Atualmente, há um espaço só para os livros espíritas na Biblioteca do CPPP. “Eles adoram ler. Eu brinco que temos os ‘devoradores de livros’”, Everson se diverte com o engajamento e dedicação dos participantes do projeto, que chega a até ter fila de espera.

Para coroar a data, foi realizada uma cerimônia com a presença de familiares, do coral da Fraternidade Espírita Irmão Glacus e da convidada, psicóloga e psicanalista, Liliane Silva. Em seu tempo, ela falou sobre a espiritualidade e justamente como a vida é esse processo contínuo do hoje, do amanhã e do ontem — e todas as vidas pregressas. Estar diante dos participantes do projeto e dos familiares foi uma oportunidade de promover um momento de paz, respiro e conexão. “Acho que faz parte da minha contribuição ao outro, compartilhar aquilo que para mim também é sagrado”, disse Liliane que também é devotada ao espiritismo.

O CPPP parabeniza e agradece a todos os voluntários que se envolvem e dedicam seu tempo ao cuidado com o outro. Congratulações que também se estendem às equipes e a coordenação da Assistência Social, que tornam possível a criação de ambientes humanizados e de comunhão, que são capazes de transformar vidas e promover a ressocialização.

Conheça mais sobre o trabalho de Everson: https://lnkd.in/dWhwzhZ2