“Está cheio de anjos aqui”, diz Dona Albina, de 89 anos, em sua primeira visita ao neto, Geraldo. “Já cheguei em paz e com o coração tranquilo pela maneira como fui recebida”, emenda. Junto com a filha Shirley, mãe do rapaz, Dona Albina esteve no CPPP para o batizado de Geraldo. O momento em família foi tão especial que ela se esqueceu que estava em uma penitenciária. “Parece que estou em outro lugar. Estou deslumbrada com tudo que aconteceu”.

O batismo de Geraldo, na tarde de 13 de julho, foi promovido pela Igreja Adventista. É a conclusão de um dos projetos de remição que acontecem no CPPP. A intenção é promover o resgate e o fortalecimento dos vínculos entre presos e suas famílias.

Dona Shirley sempre visitou o filho. A avó nunca havia feito uma visita. “Eu vivi muita coisa com ele que tem hora eu quero apagar da memória”, diz Dona Shirley.

Geraldo é um dos 24 netos de Dona Albina. É o filho mais novo de três irmãs e sobrinho de outros nove tios e tias. Já fazia parte da comunidade adventista de sua cidade antes mesmo de ser preso.

Mãe e filha chegaram cedo. Tomaram seus lugares e esperaram com brilho nos olhos a entrada de Geraldo. Durante a cerimônia, palavras entre eles foram poucas. Mas os olhares constantes e muito significativos.

Ainda seguindo simbolismos, na hora de batizar, o mergulho nas águas têm um significado. Ao mergulhar deixam na água seus erros, pecados e vícios. Após esse mergulho de fé, o neto, o filho ficou de mãos dadas com quem nunca lhe soltou a mão.

E esse batizado é o encerramento de um ciclo, mas um início de um novo. Período que trouxe paz ao coração de Dona Shirley, que viu tudo que o filho passou de perto. E agora sabe que algo diferente aconteceu. “Antes eu nem dormia. Agora as preocupações passaram, sabendo que ele está em um bom lugar e num bom caminho”.